terça-feira, 8 de março de 2011

Carta às Igrejas do País...

"Caros membros das igrejas,

Estou procurando uma igreja. Já sou crente, então posso dizer que sou uma “presa fácil”. Vocês não precisam me convencer que Deus existe ou que é importante ir à igreja regularmente. Faço parte daquele percentual estimado de 20% dos membros que se envolvem ativamente e estou disposta a servir usando meus dons. Realmente quero encontrar uma igreja (e logo), mas confesso que essa busca tem sido mais difícil do que esperava.

Vejo tantas coisas que me fazem querer virar as costas e voltar para minha casa.

Ah, sei que nenhuma igreja é perfeita. Não estou procurando por isso. Porém, tenho ficado surpresa ao ver como é difícil ser visitante, e me pergunto se vocês realmente lembram o que sente alguém nessa condição. Portanto, esta carta é só para os ajudarem a entender um pouco do que tenho experimentado enquanto vou de uma igreja para a outra.

Sei que as pessoas que estão na igreja há um longo tempo esqueceram como é difícil este processo de busca. Então, parem por um momento e me escutem. Acho que poderia dar algumas sugestões úteis para a sua igreja.

Por favor, não criem um espaço para recepção de visitantes e depois ignorem as pessoas novas quando elas aparecem. Escolha sabiamente as pessoas que vão fazer parte disso. Sei que é fácil falarmos com alguém que já conhecemos, mas realmente acho que os “recepcionistas” deveriam estar disponíveis e prontos para ajudar qualquer pessoa que aparecer para o culto e fizer perguntas.

Quer dizer, fico feliz de escutar sobre o exame de sua filha para tirar carteira de motorista durante alguns minutos, mas depois fico um pouco inquieta. Nós, os visitantes, já chegamos um pouco desconfiados, por isso não me faça esperar muito tempo para depois tentar descobrir onde fica a porta para o santuário ou saber se o café que vocês oferecem é de graça, ou não.

Por favor, não me ofereçam alguma “lembrancinha” só porque fui visitar sua igreja. Não preciso de um vale-café do Starbucks ou de uma caneta elegante. Com certeza, não quero receber uma cópia da Constituição, juntamente com um discurso de 10 minutos sobre meu dever de votar segundo padrões bíblicos e morais. O presente que vocês me oferecem parecem ser um tipo de suborno. Fazem-me sentir como se estivessem vendendo uma imagem, em vez de me oferecer um lugar para pertencer. Quero que a autenticidade e o compromisso que têm com Cristo me faça sentir vontade de voltar, não a promessa de ganhar um livro ou CD.

Não façam chantagem emocional, não apelem para meus sentimentos de culpa nem despertem em mim a ganância. Não é para isso que vou ao culto. Não me apresentem “passos” para conquistar algo que ainda não tenho, nem me envolvam em alguma campanha ou me ensinem a comprar o favor divino. Definitivamente, o que desejo ouvir é sobre o amor de Deus e o que posso fazer para conhecê-lo melhor. Poupem-me de seus discursos prontos sobre coisas que não fazem parte de minha realidade. Apenas apontem-me o caminho e se ofereçam para andar comigo por ele.

Ofereçam-me uma Bíblia, se quiserem, pois nem todo mundo carrega uma consigo o tempo todo, sabe? Deem-me informações sobre sua igreja e o que ela crê, para eu levar para casa e ler com calma. Por favor, não me tratem como a única menina em uma sala cheia de rapazes solteiros loucos para se casar. Vamos dizer que estou mais interessada em quem você é e como você me olha. Não vou assumir um compromisso antes de ter certeza que este é o lugar para mim.

Por favor, falem comigo. Não olhem para mim com ar de julgamento para só depois decidirem se aproximar. Não se esqueçam de que os visitantes não conhecem ninguém. Já nos sentimos diferentes de qualquer maneira. Aproximem-se de nós e estendam a mão. Apresentem-se. Perguntem alguma coisa. Nada é pior que passar mais de uma hora cercado por pessoas e ver que ninguém fala com você.

Por favor, incluam em seu site informações sobre como é a sua igreja. Eu preciso saber como me vestir e se meus filhos terão um espaço separado ou não. Gostaria de saber mais para estar preparada caso precise entreter meu filho pequeno durante os 45 minutos do sermão.

Por favor, não me obriguem a preencher um cartão de visitante. Não me obriguem a fornecer qualquer tipo de informação. Não fiquem ofendidos nem insistam se eu me recusar a fazer isso. Não quero ferir os sentimentos de ninguém, por isso não me façam inventar desculpas. A verdade é que não estou interessada em preencher nada até ter a certeza de que sua igreja pode ser uma boa opção para mim.

Sei que temos muita coisa para fazer. Sei que as pessoas estão ocupadas na manhã de domingo tentando levar os filhos para a Escola Dominical na hora certa ou tentando terminar a conversa no último minuto antes de o culto começar. Sei que vocês querem que mais pessoas venham e participem de sua igreja. Estou apenas tentando ajudar, tentando lembrar-lhes como se sente quem está do “outro lado”.

Obrigado a todos vocês que realmente nos acolheram, nos levaram para o santuário, pararam para falar conosco e nos apresentaram aos outros membros. A bondade de vocês nos conduziu à presença do Senhor, e somos gratos por isso.

Eu te amo, igreja. Realmente amo.

Sua irmã que está buscando,

Mentanna Campbell."

[Tradução do #Pavablog, lido no Blog Profetirando]

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Com certeza, aquilo que muitos cristãos, hoje em dia, gostariam de dizer!


Como todas essas coisas são verdade! E, pior, como NÓS, que já estamos congregando em alguma igreja, nos esquecemos de tudo isso com mais facilidade do que deveríamos! Isso tem a ver CONOSCO, não somente com o “Pastor” ou o “irmão da recepção”. Tem a ver com olhar para o outro, aquele que nos visita, e ver nele um IRMÃO, e não um “estranho”. Porém, muitas vezes, não conseguimos enxergar o outro dessa maneira nem mesmo quando já o encontramos todos os domingos em nossa igreja, quanto mais quando nunca o vimos e ele chega, repentinamente, para uma visita.

Tem a ver com nossos olhos, a visão que temos das coisas. Relembrar que somos membros do mesmo corpo, membros da Igreja de Cristo e que, nesta Unidade, somos todos iguais! Não há melhores nem piores. Ninguém que precise mais ou menos da graça de Deus. Somos iguais!

É o que precisamos relembrar.

6 comentários:

lobo disse...

eu também posso dizer que sou uma presa fácil, tenho procurado uma igreja boa desde 2009, e essa jornada parece não ter fim

recentemente eu visitei uma igreja batista, graças a Deus lá não tem campanhas, evangelho da prosperidade, exigir de Deus o que é "direito nosso", não é G12, não tem a palhaçada do "reteté" (desculpe, é minha opinião) enfim, vou indo por lá até ter certeza se eu posso ficar lá mesmo ou não, enquanto nisso eu frequento esta e visito outras

se alguém em mesma situação ler isso, digo que não espere que os outros venham falar com você (que por sinal seria muito bom) fale você com alguém, mas observe bem a pessoa antes de falar, pois nem todos na igreja são cristãos verdadeiros, e se você falar com a pessoa errada, pode sair com uma má e errada impressão da igreja

na primeira vez que fui, ninguém falou comigo, mas na segunda, eu mesmo tomei a iniciativa e falei com o pastor, foi difícil, pois sempre tem alguém falando com ele, mas enfim, aconselho que se possível, tentem falar com o pastor

também não acho que devemos simplesmnete buscar uma "igreja onde eu me sinta bem", e sim uma igreja que prega a palavra de Deus, pois esse negócio de "se sentir bem" até no satanismo há pessoas que se sentem bem

Aline Ramos disse...

Hey lobo!! Já passei por essa fase também. Minha história é longa mas, resumindo, me converti num meio pentecostal, num período de "Boom" da "Adoração Extravagante" e aprendi que isso era tudo o que se deveria buscar. Nada de doutrina. Nada de Evangelho. Essas coisas do pentecostalismo (ainda que haja excessões, se houver).

Até que Deus me despertou para a verdade, levando-me a conhecer cristãos genuínos cujo foco estava na defesa do Evangelho e da Palavra, e essa foi a reviravolta da minha vida cristã! Foi no início deste processo de descoberta da centralidade da Bíblia que criei este blog (e depois o Mulheres Virtuosas), e fui aprendendo principalmente através de outros blogs cristãos.

Mas passei estes últimos 2 anos nesta busca por uma igreja que não se enquadrasse nessa descrição "G12, MDA, retete e similares", e que fosse focada na PALAVRA, e não em qualquer outra coisa. Foi uma busca MUITO difícil, a ponto de achar que nunca encontraria uma igreja assim aqui. Pela graça de Deus, que sempre provê as saídas pras nossas necessidades, encontrei uma igreja assim, também uma Batista, como vc. E é lá que estou hj. E espero continuar lá até Jesus voltar, me levar ou eu ser enviada para missões! rs.

Então, por experiência própria, e pelo que a Palavra de Deus nos diz, o Senhor vê nossas necessidades e nos sustenta! Ele lhe mostrará o caminho! Mas, apenas depois que voltei a congregar, pude perceber o quanto a comunhão numa igreja local é essencial! Precisamos disso, até mesmo para lembrar que somos apenas MEMBROS de um corpo - e não o corpo inteiro!

Obrigada por compartilhar, lobo! Deus abençoe e guie teus passos por aí! Graça e paz! ;)

lobo disse...

Aline, sua história é parecida com a minha, eu "converti" no G12, mas lá, pra conversão ser completa, deve se passar pelo Encontro, e eu passei, esse famosos Encontro que ninguém pode dizer o que acontece lá, mas eu digo sem medo

depois fui para Escola de Líderes, enfim, recém convertido já era pressionado a liderar célula, lá todos devem ser líderes, e se fica um tempo sem levar um visitante eles dizem que está em pecado

enfim, no início, quando vi a verdade, foi um choque, relutei em acreditar mas com o tempo vi que era verdade, e minha verdadeira conversão foi algum tempo depois, sozinho no quarto, foi aí que começou a busca desesperada pela igreja verdadeira, pois eu já estava "vacinado" contra as heresias, mesmo não sendo um verdadeiro convertido no passado

ainda tinha aquela confusão na minha mente de "predestinação x livre arbitrio" e debates se ainda ocorrem milagres hoje ou se aconteciam só na época da Igreja do NT, e muitas outras, mas enfim, acho que encontrei a igreja verdadeira, no futuro terei certeza espero, apesar de toda essa teologia me deixar confuso, eu resolvi me preocupar com o que realmente importa, que é Cristo crucificado

pois bem, vi outras postagens interessantes em seus blogs, qualquer hora eu apareço pra comentar nelas, algumas até são antigas, e quando ver esse nick, apenas "lobo", saiba que eu sou o lobo cristão, não o outro lobo

obrigado e graça e paz!

Aline Ramos disse...

Nossa, lobo!! Histórias super parecidas mesmo!! QUantas dessas temos encontrado por aí, né? O mais incrível que vejo nisso é exatamente a GRAÇA INCRÍVEL DE DEUS!! Porque, olhando logicamente para nossas histórias, qual seria a chance de, estando num meio de enganos e cheio de pessoas enganadas (e enganadoras) nos influenciando, compreendermos a verdade e decidirmos a lutar por ela? SOmente a graça de Deus e o agir do Espírito Santo que nos liberta mesmo!! Algo maravilhoso!! Sempre fico extasiada com isso!

Também ainda tô nessa fase aí de tentar compreender esses debates teológicos. Acho isso importante para nosso amadurecimento na fé, ainda que tbm entenda que esse não é o centro da coisa toda.

Poxa, lobo, obrigada pelas visitas e comentários! É sempre ótimo compartilhar do que Deus tem feito no meio do Seu corpo! Valeu mesmo!

Deus esteja contigo e continue te guiando! ;)

Giuseppe disse...

Aconselho voce a não procurar nenhuma denominação. Ocristianismo que existe em nossos dias está corrompido e esse processo é irreversível, tende a piorar. Busque o Senhor em sua casa com aqueles irmãos que também não suportam mais as denominações. Estude o livro de Atos e voce verá que a igreja primitiva não tinha essa estrutura atual e nunca precisou Foi Constantino que inventou esse modelo atual de religião quando surgiu a igreja católica e que mais tarde foi copiado por Calvino quando fundou o protestantismo.Estude, pesquise e voce descobrirá a verdade. Deus te abençôe.

Aline Ramos disse...

Giuseppe, agradeço sua visita aqui, mas discordo de você. Acho sim que precisamos de igreja, no sentido de congregação mesmo, pois ela nos ensina MUITA COISA essencial para nossa vida cristã. Primeiro, porque em nenhum lugar da Palavra (especialmente no livro de Atos) há cristão isolado, andando por si mesmo. Segundo, precisamos de líderes. Jesus instituiu líderes, Paulo instituiu líderes e formas de exercer liderança dentro de um formato hierárquico, no sentido organizacional mesmo. A Bíblia nos dá regras de como viver a vida pública de igreja e o fato é que precisamos disso. Precisamos aprender a viver a submissão a uma liderança, a continuar fazendo parte do Corpo mesmo quando discordamos de quem tá do nosso lado, a continuar investindo no grupo mesmo quando nos decepcionamos. Aprendemos a morrer para nossas próprias vontades para, assim, viver a vontade de Deus.

Eu vivi sem congregar durante quase 2 anos. Não estive totalmente só. Andava com verdadeiros cristãos, estudavamos a Palavra, cresci muito em conhecimento e entendimento. Mas tenho total convicção de que isso é algo ruim. Nos torna individualistas. Nos faz achar que somos autosuficientes e, infelizmente, que somos melhores do que os outros - e por isso nos afastamos deles. Isso é muito ruim. Hoje estou de volta à vida congregacional e, não, ela não é nada perfeita. Mas agradeço imensamente a Deus por ela - estou do lado de seres humanos como eu, cheios de falhas e pecados, e isso me lembra de minha própria natureza. E isso torna a natureza do Pai muito maior e melhor.

De quem já esteve nesse lugar e hoje encontrou uma igreja que busca (de verdade) ser fiel a Cristo, eu lhe digo: não é impossível encontrar um lugar assim, e é MUITO, MUITO, MUITO BOM poder encontrá-lo. Não desista!