quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Aos soldados cansados...


Carta de um soldado 

Ao Comandante e Chefe Espiritual das Forças Armadas - Jesus Cristo

Localização: Quartel General das Milícias Celestes

Assunto: Transferência

Caro Senhor,  

Estou lhe escrevendo para lhe pedir transferência para um trabalho interno. Apresento-lhe aqui as minhas razões: 

Comecei minha carreira como um soldado raso e devido a intensidade da batalha, rapidamente o Senhor me fez subir de posto. O Senhor me fez ser um oficial e me deu uma tremenda soma de responsabilidades; há muitos soldados e recrutas sob minha responsabilidade. Sou constantemente solicitado a dispensar sabedoria, fazer julgamentos e encontrar soluções para problemas complexos. O Senhor me colocou numa posição para funcionar como um oficial, quando em meu coração eu sei que tenho apenas a habilidade de um soldado raso. O Senhor prometeu suprir tudo o que eu precisasse para a batalha. Mas, Senhor, eu preciso apresentar-lhe um quadro realista do meu equipamento. Meu uniforme, uma vez arrumado e engomado, agora está manchado pelas lágrimas e pelo sangue daqueles que eu tentei ajudar. A sola das minhas botas estão rachadas e gastas pelas milhas que andei tentando alistar e encorajar a tropa. Minhas armas estão estragadas, manchadas e quebradas devido as constantes batalhas contra o inimigo. Até o Livro de Regulamentos que eu possuía está rasgado e despedaçado pelos intermináveis usos. As palavras agora estão borradas. O Senhor me prometeu que estaria comigo o tempo todo mas quando o barulho da batalha é muito alto e a confusão muito grande, eu não posso nem ouví-LO e nem vê-LO.Me sinto tão só. Estou cansado. Estou desanimado. Estou com fatiga de batalha. Eu nunca lhe pediria liberação. Eu adoro estar em serviço. Mas humildemente lhe peço um rebaixamento de posto e uma transferência. Arquivarei papéis ou limparei banheiros.Somente me tire da batalha, por favor, Senhor. 

Seu Fiel, mas cansado guerreiro.

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Ao Fiel , mas cansado Soldado das Forças Armadas Espirituais

Localização: Campo de Batalha

Assunto: Transferência
 


Caro soldado,  

O seu pedido de transferência foi negado. Com isto, apresento aqui minhas razões:

Você é necessário nesta batalha. Eu o escolhi e manterei minha palavra de suprir as suas necessidades. Você não precisa de um rebaixamento de posto e transferência.(Você nunca realizaria eficientemente o dever de limpar os banheiros). Você precisa de um período de R&R - Renovação e Refortalecimento. Estou separando um lugar no campo de batalha que é a prova de todo o som, e totalmente protegido do inimigo. Eu o encontrarei e lhe darei descanso. Removerei seu equipamento antigo e "farei novas todas as coisas." Você tem se ferido na batalha; Meu soldado, suas feridas não são visíveis mas você recebeu graves ferimentos internos. Você precisa ser curado. Eu curarei você. Você tem se enfraquecido na batalha. Você precisa ser fortalecido. Eu o fortalecerei e serei a sua força. Eu instilarei em você confiança e habilidade. Minhas palavras reacenderão dentro de você o amor, o zelo e o entusiasmo.Reporte-se a mim esfarrapado e vazio. Eu o encherei. 

Com compaixão, Seu comandante-chefe,  

Jesus Cristo. 
 

Fonte: http://blogdoceu.blogspot.com/2009/02/carta-de-um-soldado.html

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Amor, Casamento e a Unidade da Igreja



Há algumas semanas atrás, eu estive participando de um seminário chamado “Vida Total da Igreja”. O seminário falava, em suma, sobre a vida da Igreja, qual é o seu chamado e a sua missão aqui na terra. Num determinado momento o pastor começou a falar sobre a Unidade da igreja. E esse assunto me é bastante confrontador e delicado, de uma forma pessoal, mas também tenho percebido o quanto ele o é de uma forma geral para nós, cristãos. E eu estive pensando sobre esse assunto nessas últimas semanas.

Pensei sobre como nós, mesmo enquanto cristãos, temos sido, de alguma forma, treinados ou estimulados a avaliar as coisas – o chamado de Deus, o preço a ser pago, o objetivo a ser cumprido, o alvo onde queremos chegar – de uma forma individual. Nós somos confrontados a buscar descobrir o que Deus espera para nossas vidas individuais, em que devemos dedicar nossas vidas, como agradar a Deus com nossas vidas e mais tantas e tantas outras coisas relacionadas às NOSSAS vidas – individualmente. Não acho que isso seja errado, afinal, devemos sim buscar consagrar nossas vidas individualmente a Deus e, cada um, dar o seu melhor para o Senhor. Porém, existe um grande perigo nisso: nós passarmos a ser o CENTRO de todas as coisas – o individual. E não é esse o ensino que as Sagradas Escrituras nos dão.

Paulo fala, em I Coríntios 12: 12-27, sobre a “Unidade Orgânica da Igreja”. Ele explica a realidade espiritual da igreja de Cristo comparando-a a um corpo, do qual cada um de nós é um membro que tem uma função específica a desempenhar. E este foi um dos exemplos que mais me marcou neste seminário do qual participei há algumas semanas. O pastor nos pediu para refletir sobre a realidade do nosso corpo físico, e de cada membro dele. Ele utilizou os versículos 15 a 17 para falar sobre como cada membro do corpo é extremamente necessário e como todos eles são dependentes uns dos outros. E essa noção de DEPENDÊNCIA foi o que me marcou. “Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo”, diz o versículo 15. E nós ficamos pensando sobre o que aconteceria se algum membro do nosso corpo – nossos pés, nosso pescoço, nosso estômago, etc – resolvesse que não seria mais do corpo e se recusasse a fazer parte do corpo: seria o caos para o corpo e, talvez, até mesmo impossível de sobreviver!

E a questão que tem pulsado em meu coração e mente nesses dias é: nós somos MEMBROS de um corpo, mas muitas vezes temos nos comportado como se fôssemos o CORPO INTEIRO! Muitas vezes, nós somos ensinados que somos, INDIVIDUALMENTE, a “Noiva de Cristo”, mas o que a Bíblia diz é que a Noiva é a IGREJA, e que eu sou MEMBRO desta Igreja – e não a Igreja toda! É incrível a facilidade com que nos colocamos como o centro do universo! Nós achamos que o que importa somos nós: se eu sou o fígado, mas estou cansado de ser fígado, então vou tirar uma folga por umas semanas, até que esteja me sentindo melhor, e pronto. É isso o que importa: eu! Mas e o CORPO? Nosso corpo simplesmente entraria em choque e, possivelmente, iria à óbito se nosso fígado resolvesse parar de trabalhar durante alguma semanas! Nós esquecemos que fazemos parte de um CORPO, que não estamos separados dos demais membros, mas que a vida da Igreja de Cristo é totalmente e diretamente influenciada por nós!

Eu tenho sido totalmente confrontada por Deus em relação a isso, porque minha experiência fazendo parte de uma igreja, de um grupo, foi tão pequena, superficial e até, de alguma forma, meio decepcionante, que eu passei a caminhar sozinha. E aprendi a me preocupar com a situação da minha vida em particular, e a esquecer que, como cristã, eu fui chamada pra fazer parte de um corpo. E, nesse aspecto, ainda que eu tenha comunhão com vários irmãos em Cristo, que são parte do corpo de Cristo, a realidade de ter um compromisso com uma igreja, considerando-a um organismo vivo, considerando-a como um “corpo”, nunca foi muito real pra mim. Mas hoje tenho percebido o quanto isso é, não apenas importante, necessário! Porque, somente assim, eu poderei compreender que não sou um “membro avulso”, ou um “corpo inteiro”, eu sou apenas um MEMBRO do corpo de Cristo, ou da igreja onde o Senhor me colocar. E, assim, entendo que minha preocupação não pode e não deve estar em mim mesma em primeiro lugar, mas sim no corpo do qual eu faço parte – porque o que quer que eu faça irá afetar a todos os demais membros!

Eu leio as palavras de Paulo em I Coríntios 12.25,26 e fico pensando se nós realmente temos entendido a profundidade delas: “para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam”.Como temos estado distante de compreender ou viver segundo estas palavras! Sair dos nossos pensamentos e posicionamentos individualistas e egoístas, preocupados com nós mesmos, com nossas necessidades, com nossa satisfação e bem-estar, com nossos direitos, e passar a ter um posicionamento COLETIVO, entendendo que existe um conjunto, um corpo que é muito maior do que nós e muito mais importante do que nós! Será que nós temos refletido que cada uma de nossas ações afeta diretamente cada membro que convive conosco em nossas igrejas; que nosso esfriamento, nosso afastamento, nossa rebelião, nosso orgulho e falta de humildade, irá afetar diretamente a vida espiritual da igreja; que todas essas coisas não dizem respeito apenas a nós mesmos, porque nós não vivemos separados do todo, mas como parte dele? Se alguém já teve uma unha encravada, ou um espinho engatado no dedinho da mão, sabe como que a dor que se sente não diz respeito apenas ao pé ou à mão – o corpo inteiro sofre com essa dor! Se nosso pulmão não está funcionando adequadamente, o problema não ficará somente nele, mas o corpo inteiro irá padecer em função disso. E assim é também em nossas vidas enquanto Igreja e corpo de Cristo!

Nesse mesmo seminário, não sei bem em que momento, se realmente em uma discussão voltada para esse aspecto, o pastor falou a respeito da aliança de casamento. Ele usou uma metáfora sobre uma ponte: o casamento é como uma ponte que o casal precisa atravessar, uma ponte muito estreita e longa, localizada em cima de um mar muito perigoso, cheio de jacarés selvagens. Ao chegar ao início dessa ponte, um olha para o outro e fazem um compromisso juntos: “Nós vamos atravessar essa ponte juntos, até o fim!”. E eles começam a caminhar. Só que a ponte está em estado meio precário, existem locais em que as tábuas estão quebradas e, assim, o espaço para passar se torna ainda mais estreito e perigoso, e a travessia começa a se tornar muito desconfortável e arriscada. E começa a dar vontade de voltar atrás, porque suas vidas parecem estar em risco. Porém, quando eles olham para trás, existe algo terrível: todo o espaço de ponte que eles já haviam caminhado simplesmente desmoronou! Não existe mais ponte para trás! E agora? Agora só existe uma opção: continuar caminhando juntos, até o fim, para frente, por mais difícil que possa ser o trajeto! Assim é um verdadeiro compromisso de casamento: “Nós vamos juntos até o fim, não importa o que possa acontecer”. Mas, de uma certa forma, como é fácil entendermos esse nível de compromisso quando tratamos de casamento, não é? Nos parece bem razoável aceitar que realmente é assim que devemos nos comportar depois de casados – divórcio não é uma opção para os cristãos!

Mas, no meio daquela história, eu fiquei pensando sobre nossa realidade enquanto Igreja. É incrível como podemos até pensar em abrir mão de algumas coisas para manter um compromisso de casamento num nível como esse, pois esse relacionamento parece prometer muitas felicidades e satisfações pessoais para nós. Então, parece valer à pena. Mas, e enquanto membros do Corpo de Cristo? Será que estamos dispostos a assumir algo tão profundo assim? A pergunta na minha mente era: “Você está disposta a dizer ‘nós vamos até o fim juntos, não importa o que aconteça’ aos irmãos que estão ao seu lado nesta igreja, compondo o corpo de Cristo junto com você?”. E, aí, eu já não tinha tanta certeza assim. Essa é, absolutamente, a frase que irei usar no dia do meu casamento, mas eu não podia afirmar com tanta convicção se poderia firmar um compromisso desse porte com a minha igreja. Por que? Porque isso iria me custar muito, porque EU SEI o preço que eu precisaria pagar para viver dessa forma junto de todos aqueles irmãos que são, tantas vezes, tão diferentes de mim, que discordam de mim, que me machucam, me frustram, não me compreendem, não estão ao meu lado quando preciso de suas ajudas, são indiferentes, são “tão errados”... Como eu poderia firmar um compromisso assim com eles? É muito mais fácil resolver tirar uma folga e deixar minhas funções de “fígado” por algum tempo, independente do mal que eu possa fazer ao corpo através disso!

Mas depois, também fiquei pensando sobre as verdades acerca de um relacionamento de casamento. E pude chegar à conclusão de que maiores são as semelhanças do que as diferenças entre um relacionamento de casamento e um relacionamento de igreja. É a mesma coisa! O problema é que, comumente, romantizamos demais o que viveremos dentro de nossos casamentos. Infelizmente. Achamos que iremos nos casar com aquela pessoa perfeita, nosso “diamante”, com a qual sempre estaremos de acordo, aquela pessoa que nunca irá ser indiferente às nossas dores, que sempre estará disponível a nos ajudar, disposta a ouvir, com um bom conselho para dar, nunca de mau-humor e incapaz de cometer um pecado grave contra nós. Puxa, será mesmo que vai ser assim? Certamente, não! Porque, como pecadores, iremos nos casar com pecadores, com seres humanos, falhos e frágeis, exatamente como nós o somos, ainda que estejamos lutando para que a nossa nova natureza em Cristo seja cada vez mais manifesta em nossa vida cotidiana!

E a mesma coisa acontece com a igreja! Como romantizamos as coisas quando entramos numa igreja verdadeira de Cristo, não é? (Estou falando de igrejas verdadeiramente CRISTÃS, e não qualquer igreja que use esse título!) Conhecemos aquele pastor maravilhoso, homem sábio, temente a Deus, dedicado ao serviço do Senhor, preocupado com as almas, cheio de conhecimento, aquele cara incrível ao qual nós sem dúvida queremos seguir e com o qual queremos trabalhar anos a fio! Conhecemos nossos irmãos, tão maduros, tão espirituais, dedicados à Palavra, homens e mulheres de caráter, desejando ser santos e impactar este mundo, além disso pessoas sensíveis, que nos ajudam em nossas lutas e que sempre tem aquela palavra certa! Uau! É o lugar perfeito! Achei o meu lugar! Mas, então, os anos vão se passando, e aquele pastor e aqueles irmãos que você achava que eram “super-heróis” vão mostrando sua realidade: eles são humanos, assim como você! Eles também tem erros, eles também pecam, ferem você, frustram você, eles também tem batalhas que parecem nunca ser ganhas, eles também são fracos. E seu sonho romântico vai por água abaixo! É ou não é essa a realidade que vivemos em ambos os casos, o casamento e a igreja? E é o momento em que queremos voltar atrás: “Eu não firmei aquele compromisso com você(s) para viver dessa forma! Eu disse que ia até o fim com você(s), mas eu pensei que ia ser diferente! Mas não está sendo como eu imaginei, então acho que não dá mais pra mim! Eu paro por aqui!”.

E aí precisamos parar para nos perguntar: em que está baseado o nosso compromisso? Um compromisso como este só pode ser estabelecido e vivido se for baseado em um AMOR REAL. Mas, em que está baseado o amor que declaramos ter para com um cônjuge ou para com nossos irmãos em Cristo e a igreja da qual fazemos parte? Será que nós realmente temos vivido um Amor REAL, ou temos vivido um auto-engano? O pastor Ed René Kivitz fala sobre isso em sua mensagem “O caminho do amor”, uma de minhas mensagens preferidas e com a qual aprendi e continuo aprendendo muito sobre o verdadeiro amor:

“Se queremos dizer que amamos, ou amamos como Cristo amou, ou o amor que temos nós pensamos ser amor e amor não é – é necessidade, é simpatia, é interesse, é afinidade, mas amor não é. Ou amamos como Cristo amou ou nos auto-enganamos em nossos relacionamentos de amor.”

E, então, como foi que Cristo amou, esse jeito com que devemos também amar? Ed René cita as palavra do Pe. Antônio Vieira:

“A grande questão de uma relação de amor é a questão entre a ignorância e a ciência. Aquele que ama ignorando e aquele que ama de maneira consciente. Aquele que ama auto-enganado, e aquele que ama de maneira lúcida, e ama plenamente. E ele diz que Cristo amou plenamente consciente. Não foi um auto-engano, foi um amor real. E então, ele diz que há quatro ignorâncias no amor: a ignorância de si mesmo, a ignorância a respeito daquele a quem amamos, a ignorância a respeito do que seja o amor, e a ignorância a respeito do fim a que chegaremos amando.[...] E aqui, se diz que Cristo, Jesus Cristo, sabendo que tinha chegado a sua hora de voltar para o Pai – sabendo perfeitamente quem ele era, Filho de Deus:
“ – Qual é a sua identidade, Cristo, você que diz que me ama?”
Ele diz: “ – Eu sou Deus! Eu sou o Filho de Deus! Eu sou Deus! E o fato de ser quem sou não me impede de amar você sendo você quem é!”
“ – Por que? Você sabe quem eu sou?”
“ – Ah, eu sei quem você é!”
Porque diz o texto que Jesus amou os seus que estavam no mundo.
“ – E, ora, você sabe o que é amar?”
“ – Eu sei o que é amar, porque eu já tenho amado você há muito tempo. E ainda agora, à porta de minha morte, eu decido continuar amando você. Tendo amado, amo. Eu conheço não apenas quem sou, sei muito bem quem você é. Sei o que é amar e, assim, ainda escolho continuar amando.”
“ – Bom, mas, certamente, tu tens expectativas me amando desta maneira!”
Jesus diz: “Não tenho outra, senão a cruz. E nem a cruz me impede de continuar amando! Eu sei o fim que terei por amar. E ainda assim, amo
É um amor plenamente consciente. Não é um amor ignorante a respeito de si mesmo. Não é um amor ignorante a respeito daquele que recebe o amor. Não é um amor ignorante a respeito da própria essência do que é amar. E não é um amor ignorante a respeito do fim a que se chegará amando”.

E é assim que devemos amar. Um amor que é uma DECISÃO: eu irei amar esta pessoa, eu irei amar esta igreja, ainda sabendo quem ela é, ainda sabendo de seus defeitos, das lutas que irei enfrentar por decidir amá-la, e ainda que o fim a que chegarei amando seja a cruz. Eu decido amá-la! Cito, ainda, algumas outras palavras de Ed René:

“Não amou Cristo os seus como vós amai os vossos. Vós amai-os como são na vossa imaginação e não como são no mundo. No mundo, são ingratos, mas na vossa imaginação, agradecidos. No mundo, são traidores, na vossa imaginação, fiéis. No mundo são inimigos, na vossa imaginação, amigos. E amar a um inimigo cuidando que é um amigo, e ao traidor cuidando que é leal, e ao ingrato cuidando que é agradecido, não é amor, é ignorância.”

“Vieira faz um paralelo (de Jacó e Lia) com Cristo: “Nem a ignorância lhe roubou o merecimento ao amor, nem o engano lhe trocou o objeto ao trabalho. Amou e padeceu por todos e por cada um. Não como era bem que eles fossem, senão assim como eram. Pelo inimigo, sabendo que era inimigo. Pelo ingrato, sabendo que era ingrato. Pelo traidor, sabendo que era traidor.”

“‘Eu te amo!’. Ama a quem? A esta pessoa que está diante de você e que você desconhece? Sim. Então, vamos ver quando você descobrir de fato quem é esta pessoa! Quando você diz que está amando diamantes, mas na verdade é vidro. Quero ver o seu amor quando você descobrir que o seu diamante é vidro! Quero ver o seu amor quando você descobrir que o seu objeto de amor é Judas. Quero ver o seu amor!Essa é a expressão do amor de Jesus. E, quando a Bíblia diz que devemos amar como Cristo amou, devemos amar com plena consciência de quem somos nós, e devemos amar com plena consciência de quem é o outro. Não há nada no outro que me escandalize a ponto de diminuir o meu amor pelo outro. Não há nada que eu venha a descobrir a respeito do outro, não há nada que o outro possa fazer que venha a diminuir o meu amor pelo outro. Será que podemos dizer assim: como Cristo amou, nós amamos?

Somente um amor assim, como o amor de Cristo, pode fazer um compromisso como este, “Até o fim juntos, haja o que houver”, ser real em nossas vidas – seja em um casamento, ou seja, de forma especial, em nossas igrejas. Que grande desafio está diante de nós! Sim, porque não imagino um desafio tão árduo quanto aprender a amar como Cristo amou! Aprender a se doar sem esperar receber, aprender a se entregar ainda que seu receptor não mereça seu sacrifício. Somente assim aprenderemos a ser MEMBROS DO CORPO DE CRISTO. Que possamos meditar no amor com que fomos amados pelo Senhor e, através disso, nos dedicar a amar e a firmar compromissos baseados menos em nós mesmos, e mais na decisão de amar dessa forma.

Lembremos do pedido de Jesus em sua última conversa com o Pai antes de sua morte: “Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que sejam um, assim como nós. [...] Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio de sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que me enviaste.” (João 17: 11, 20-21)

Que aprendamos a ser UM, a viver em UNIDADE enquanto Corpo de Cristo, preocupados uns com os outros, lutando uns pelos outros, cientes de que quando um membro do corpo sofre, todos sofrem com ele, e quando um membro do corpo de regozija, todos se regozijam com ele. E, assim, que nossos olhos saiam de nós mesmos em nosso individualismo e coloquem-se no corpo do qual somos parte, coletivamente. “Para que o mundo creia que o Pai enviou a nosso Senhor Jesus”. Vamos lutar pela Unidade do Corpo, e verdadeiramente firmar um compromisso “até o fim” com ele. Haja o que houver.

Que o Espírito Santo nos capacite.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O falso Cristo e o falso Cristianismo

Escelente texto do site do Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho!! Sempre maravilhoso ler palavras de verdadeiros cristãos. Deus seja louvado!

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Por: Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho


Charles Colson foi assessor do Presidente Nixon, que teve que renunciar por causa de um escândalo político. Foi preso, e converteu-se a Cristo pouco antes de ir para a prisão. Fundou o ministério Prison Fellowship, que congrega 50.000 voluntários, sendo a maior organização mundial a atuar com presidiários. Já falou em mais 600 de penitenciárias, em mais de 40 países. Por causa desta atividade, em 1993 ele recebeu o Prêmio Templeton, no valor de um milhão de dólares, que doou à Prison Fellowship. Colson tem, ainda, um programa radiofônico que alcança dois milhões de pessoas diariamente.

Colson se tornou um pensador e um evangelista. Seu último livro que li foi A fé em tempos pós-modernos. Num capítulo em que aborda a questão do sofrimento, ele critica a pregação que anuncia o “Pare de sofrer!” como sendo a essência do evangelho. Ele comenta os sofrimentos de cristãos na Índia, Coréia do Norte e Mianmar (ex-Birmânia). Inicia o capítulo falando sobre o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, que era professor de Teologia, na Alemanha, opusera-se a Hitler, e, por correr risco de morte, de lá foi tirado e levado para os Estados Unidos.

Eis uma declaração que ele cita, de Bonhoeffer, sobre uma experiência espiritual que este tivera: “Pela primeira vez, descobri a Bíblia [...] Eu pregara muitas vezes, aprendera muito sobre a igreja, falara e pregara sobre ela, mas não me tornara cristão [...] Transformava a doutrina de Cristo em algo que me desse vantagem pessoal [...] Peço a Deus que isso jamais se repita. Também jamais havia orado ou orara pouquíssimas vezes [...] Ficou claro para mim que a vida de um servo de Jesus Cristo tem que pertencer à igreja, e, passo a passo, ficou cada vez mais claro para mim até onde isso deve ir” (p. 167/8). Assim, ele voltou para a Alemanha, para servir a igreja perseguida por Hitler, e lá acabou enforcado. Antes de subir ao patíbulo, ajoelhou-se e orou fervorosamente. Ele foi para se identificar com a igreja de seu país, sofrer com ela, e morreu por suas posições. Seria tão fácil cantar um cântico dizendo que Deus o abençoara e o tirara da morte! Ele era um abençoado! Mas e seus irmãos que sofriam, na Alemanha?

O verdadeiro cristianismo parte daqui, de uma frase de Bonhoeffer: “Quando Jesus Cristo chama um homem, ele o chama para morrer”. É o que Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). Sim, este é o verdadeiro cristianismo, o cristianismo da cruz, do Cristo crucificado. Porque só há um Cristo digno de ser crido e pregado, o crucificado: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1Co 2.2).

Prega-se hoje o cristianismo do trono: “Sou filho do rei e mereço o melhor”, dizem alguns gananciosos que usam o evangelho para pretexto de sua visão materialista de vida. O próprio Rei optou pela cruz. Mente e falseia o evangelho quem oferece um trono ou uma vida repleta de bênção, sem sofrimento algum, em nome de Cristo. As lutas e as dificuldades, até mesmo as quedas eventuais, fazem parte da pedagogia divina. Catarina de Bora, esposa de Lutero, disse: “Eu jamais teria entendido o significado dos diversos salmos, nem valorizado certas dificuldades, nem conhecido os mecanismos internos da alma; eu jamais teria entendido a prática da vida e obra cristãs, se Deus nunca tivesse trazido aflições à minha vida”. Sim, porque é nos sofrimentos que nos sensibilizamos mais para a voz de Deus. É raro, quase duvidoso, que alguém encontre Deus num programa de auditório, num jogo de futebol, ou em um bloco de carnaval. Mas quantos o encontraram num leito de dor, ou à beira do túmulo de alguém amado!

O verdadeiro Cristo é o da cruz. O verdadeiro cristão é a da cruz. Martinho de Tours, em homenagem de quem Lutero recebeu o nome de Martinho, teve uma visão em que Satanás lhe apareceu na forma do Salvador. Quando estava quase se ajoelhando diante dele, Martinho olhou para suas mãos e não viu nelas os sinais dos cravos. Então perguntou: “Onde estão as marcas dos cravos?”. Diante desta pergunta, a criatura desapareceu. Sem as marcas da cruz não há Cristo nem cristianismo. Desafortunadamente, algumas igrejas têm trocado a cruz pela menorá, pela estrela de Davi, e têm trocado a cruz por bem-estar pessoal. É o falso cristianismo. Por isso, faço coro às palavras de Colson: “A dura verdade é que muitos enxergam o cristianismo como meio de melhoria individual ou como caminho para uma vida bem-sucedida” (p. 226). Que visão lamentável!

Um falso Cristo, sem a cruz, sem sangue derramado. Um Cristo sintético, de plástico, não o que derramou o seu sangue pelos nossos pecados. Um falso cristianismo, sem a cruz, sem o compromisso, sem a autodoação (a não ser doação de dinheiro para manter alguém), sem a identificação com o Crucificado. Uma busca de melhora de vida, e não de identificação com Cristo.

Só há um Cristo digno de ser crido, o crucificado. Só há um cristão verdadeiro, o crucificado. Sem a cruz, o cristianismo não existe. Nem o cristão. A Bíblia não nos chama a nos identificarmos com ele pelo trono, mas pela cruz: “Mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis” (1Pe 4.13). É preciso identificar-se com ele pela cruz.

Quem queira o trono que tome a cruz. O trono é do Crucificado e dos crucificados. Quem sofre por sua fé não é um crente de segunda classe, mas um felizardo: “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós” (Mt 5.10-12).

Muito cuidado com quem oferece riquezas. Pode não ser Jesus, e sim o inimigo. Ele oferece riquezas: “Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares” (Mt 4.8-9). O inimigo nunca oferecerá a cruz, porque ele a odeia e a teme. Quem não quer a cruz está do seu lado, não do lado de Cristo. Por isso, quem deseja ser um cristão de verdade, tome a cruz e siga o Crucificado.

 
 

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Bíblia: o alimento que sacia nossa fome



Estive esses dias em um “Encontro de Adoração Profética” e, ao olhar pras vidas daquelas pessoas que estavam ali, para minha própria vida e para o que estava sendo oferecido naquele lugar, surgiu este texto.

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“Eis que o povo é como ovelhas famintas e sem pastor. Estão à procura de ajuda, procuram por alguém que as guie, alguém que as ofereça o alimento que precisam para saciar essa fome tão grande.

Elas encontram, então, um lugar com pessoas que parecem tão preocupadas com elas. Se aproximam na esperança de encontrar comida para sobreviver. No lugar há muita música e muita festa. Elas chegam e todo aquele ambiente é tão envolvedor que, rapidamente, se esquecem de sua fome, e começam a cantar, a dançar, ao som daquelas músicas. Elas se agitam, se alegram, cantam e cantam a benção de ter encontrado aquele lugar e aqueles pastores que cuidarão delas.

No entanto, uma hora, duas horas se passam, e as ovelhas começam a se sentir cansadas. Elas já não conseguem pular e cantar como antes, e a fome que havia sido esquecida começa a voltar. Há fome. E elas precisam de comida. Elas olham ao redor na esperança de ver alguma comida sendo preparada, mas não há nem sinal disso. Logo as ovelhas começam a se preocupar e, no lugar onde antes havia alegria e voz de júbilo, começa a haver desânimo e desesperança. Elas estão cansadas e famintas.

Até que, finalmente, se aproximam de uma daquelas pessoas que ali estavam e perguntam:

“ – Não há comida neste lugar?”

“ – Não, não há comida neste lugar!”.

“ – Mas como podem existir pastores sem alimento para dar às ovelhas?”

“ – Mas quem disse que existem pastores aqui? Nós não somos pastores, somos apenas pessoas contratadas para entreter aqueles que por aqui passam. Nós sabemos que há muita dificuldade e sofrimento entre vocês, então viemos trazer um pouco de alegria para suas vidas.”

“ – Mas nós temos fome! Vamos morrer se não nos alimentarmos. Vocês não podem nos dar de comer?”

“ – Não! Não estamos aqui para isso!”

“ – Então, vocês podem ir embora daqui. Porque o que precisamos é de alimento. Sem alimento, quer estejamos tristes pela consciência de nossos problemas e dificuldades, quer estejamos alegres com a sua música que nos engana, nós vamos morrer!”

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Ao contrário do que muitas igrejas e muitos “falsos pastores” têm pregado ou feito muita gente acreditar, a necessidade das ovelhas não é emocional. Não são seus sentimentos que precisam ser tratados para que elas estejam bem. Elas têm fome – e este é o problema delas! Ainda que se sintam satisfeitas por algum tempo com remédios para suas emoções, enganadas por coisas e circunstâncias que as façam sentir mais alegres ou “felizes”, estas sensações não serão suficientes para suprir para sempre as suas realidades – elas estão famintas, desnutridas, e precisam urgentemente de alimento! Uma hora a barriga voltará a doer. Uma hora o corpo voltará a reclamar – e elas precisarão de alimento. E este alimento, do qual todos nós precisamos, não para o corpo mas para o espírito, só pode ser encontrado em um lugar: na Palavra de Deus. Não nas palavras de homens, não em palavras SOBRE Deus, não em músicas que falem opiniões pessoais SOBRE Deus, mas somente no conhecimento, entendimento e vivência da pura e eterna PALAVRA DE DEUS. Não há cura sem a Palavra. Não há solução sem a Palavra. Não há avivamento sem a Palavra. Não há pastores verdadeiros SEM A PALAVRA.


“ – Então, vocês podem ir embora daqui. Porque o que precisamos é de alimento. Sem alimento, quer estejamos tristes pela consciência de nossos problemas e dificuldades, quer estejamos alegres com a sua música que nos engana, nós vamos morrer!”


Que o Senhor nos faça compreender qual nossa real necessidade – e voltar para a Sua Palavra.

Que o Senhor levante pastores de verdade, que entendam que precisamos de alimento, e que o único alimento que pode saciar nossa fome e nos libertar é a Palavra de Deus!


“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32)



“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17)



“E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Romanos 10:17)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Cristianismo sem auto-engano



Ed René Kivitz, pregando a respeito do amor*, falava que o verdadeiro amor está baseado no conhecimento e entendimento pleno de 4 aspectos: quem é você; quem é o outro; o que é o Amor; e qual o fim a que se chegará amando. Qualquer coisa que negligencie um destes aspectos, qualquer um destes conceitos mundanos que nos são ensinados a respeito do amor, na verdade tem mais de auto-engano do que propriamente de Amor. Somente se, sabendo quem você é, sabendo quem é o outro, compreendendo o que é o amor e aonde você chegará amando, sem fantasias ou ilusões, você resolve continuar amando, você verdadeiramente ama.

E hoje eu estava lendo o livro de Jeremias e pensando sobre quanto vivemos cercados por auto-engano em nossas vidas cristãs. Pior, o quanto, tantas vezes, gostamos de viver assim. Estive pensando sobre o entendimento que temos a respeito de nossas vidas enquanto cristãos, e o que isso significa. E percebi como gostamos de nos auto-enganar.

Quantos de nós, ao lermos as histórias de grandes homens de Deus, dos “heróis da fé”, não desejamos tanto ser como estas pessoas? Lemos suas biografias que falam sobre seus grandes feitos e sonhamos com a possibilidade de também sermos usados por Deus como eles foram. Lemos a Bíblia e todas as histórias dos grandes profetas, reis, discípulos, apóstolos da igreja primitiva, e todas aquelas coisas nos parecem tão grandes que parece que jamais poderiam acontecer conosco. Mas como gostaríamos de, pelo menos, ter conhecido aqueles homens – quanto mais ter sido uma destas pessoas! Não sei a respeito de vocês, mas como eu gostaria!

No entanto, normalmente nós focamos nossas atenções em uma parte da história destas pessoas, e negligenciamos outra. É como a leitura que temos das palavras de Paulo em sua carta aos Hebreus, capítulo 11, que fala sobre os “heróis da fé”, segundo retratam nossas Bíblias. Nos lembramos com tanta facilidade daquela pequena porção do versículo 38: “homens dos quais o mundo não era digno”, mas nos esquecemos de todo o restante. Então, ansiamos por viver uma realidade fantasiosa, ilusória, que existe apenas em nossas mentes – uma realidade sem preço, sem dor ou provação. E isso nunca foi Cristianismo – antes, é apenas auto-engano.

Ed René fala ainda, nesta mesma pregação sobre o amor, citando as palavras do Pe. Antônio Vieira: “Os homens não amam aquilo que cuidam que amam. Por quê? Ou porque o que amam não é o que cuidam, ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estima vidros cuidando que são diamantes, diamantes estima e não vidros. Quem ama defeitos, cuidando que são perfeições, perfeições ama e não defeitos. Donde também se segue que amam o que verdadeiramente não há, porque amam as coisas não como são, senão como as imaginam. E o que se imagina, não é.”

E o mesmo paralelo acredito se aplicar aos nossos desejos em sermos cristãos. Se desejamos ser cristãos de acordo com os padrões existentes em nossas próprias mentes, e não segundo o padrão de verdade existente na Palavra de Deus – não é cristãos o que desejamos ser, é apenas um auto-engano. E como isso é nítido quando avaliamos a imagem que temos de nossos “heróis da fé”.

Na Bíblia, existem sempre aquelas pessoas que nós admiramos de uma forma singular. Aqueles homens aos quais olhamos e quase não acreditamos na possibilidade deles realmente terem existido enquanto seres humanos. Eles parecem mesmo os nossos “Super-heróis”. Na minha opinião, Paulo e Jeremias são dois destes homens – para não falar de muitos. Somente os seus nomes nos fazem pensar em padrões super elevados e em vidas as quais gostaríamos também de viver.

Mas, lendo a história de Jeremias e, depois, relendo algumas palavras de Paulo, fiquei pensando se nós realmente entendemos o que estes homens foram chamados a ser – e o preço que eles pagaram para viver o que viveram. Será que nós também pagaríamos o mesmo preço para ver acontecer em nossas vidas o que aconteceu nas deles?

Palavras de Jeremias:

“Eu disse: - Como é dura a minha vida! Por que a minha mãe me pôs no mundo? Eu tenho de discutir e brigar com toda a gente desta terra. Não emprestei dinheiro, nem tomei emprestado, e mesmo assim todos me amaldiçoam. [...] Não tenho gasto o meu tempo rindo e gozando a vida junto com outras pessoas. Por causa do trabalho pesado que me deste, fiquei sozinho e muito indignado. Por que continuo a sofrer? Por que as minhas feridas doem sem parar? Por que elas não saram?” (Jeremias 15:10,17-18 – NTLH – Versão para Jovens)

“Ó Senhor Deus, tu me enganaste, e eu fiquei enganado. Tu és mais forte do que eu e me dominaste. Todos zombam de mim, caçoando o dia inteiro. Cada vez que falo, tenho de gritar e anunciar: “Violência! Destruição!”. Ó Senhor, eles me desprezam e zombam de mim o tempo todo porque anuncio a tua mensagem. [...] Ouço as multidões cochichando: “Há terror-por-todos-os-lados.” E dizem: “Acusem Jeremias! Vamos denunciá-lo!”. Até os meus amigos mais íntimos esperam que eu tropece. Eles dizem: “Talvez ele caia numa armadilha, então nós o pegaremos e nos vingaremos.” ( Jeremias 20:7-8, 10 – NTLH – Versão para Jovens)

Palavras de Paulo:

“Até a presente hora, sofremos fome, e sede e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos” (I Coríntios 4:11-13–Versão Revista e Atualizada)

Sobre os “heróis da fé”: “Outros foram torturados até a morte; eles recusaram ser postos em liberdade a fim de ressuscitar para uma vida melhor. Alguns foram insultados e surrados; e outros, acorrentados e jogados na cadeia. Outros foram mortos a pedradas; outros, serrados pelo meio; e outros, mortos à espada. Andaram de um lado para outro vestidos de peles de ovelhas e de cabras; eram pobres, perseguidos e maltratados. Andaram como refugiados pelos desertos e montes, vivendo em cavernas e em buracos na terra.” (Hebreus 11:35-38 – NTLH – Versão para Jovens)

Não cito estas palavras para dizer que não vale à pena desejarmos ser como estes homens, ou sonharmos em sermos, também nós, “heróis da fé”. Pelo contrário. Cito estas palavras para que possamos ser libertos do auto-engano que possa existir em nossas mentes e corações, que nos faz acreditar que existe cristianismo sem preço, que existe glória sem dor, que existe serviço sem abnegação, sem provações, sem sofrimentos. A Bíblia é clara ao nos mostrar que não é assim! Nosso Senhor e Salvador precisou ser humilhado pelos piores pecadores e morto em humilhação para cumprir a sua missão, nos revelar o amor do Pai e nos redimir de nossos pecados. Existe um preço, e não podemos fingir que ele não existe.

E estas coisas não nos foram escritas para nos desanimar, mas para nos alegrar quando for também a nossa vez de passar pelo fogo, de sermos provados para, então, sermos aperfeiçoados. Palavras e histórias de grandes homens que foram usados por Deus, apesar de perseguidos, caluniados, injustiçados, apesar de carregar ansiedades, sofrimentos, fardos pesados, apesar de também duvidarem e sentirem medo. Eram homens, como nós. Como diz Paulo: “Eram fracos, mas se tornaram fortes” (Hb. 11:34).

Homens que, depois de todas estas palavras de dor e sofrimento, também ouviram ou entenderam outras palavras, como estas:

“ O Senhor respondeu: - Se você voltar, eu o receberei de volta, e você será meu servo de novo. Se você disser coisas que se aproveitem e não palavras inúteis, você será de novo meu profeta. O povo voltará para você, mas você não deve voltar para eles. Farei com que você seja para este povo como um forte muro de bronze. Eles lutarão contra você, mas não conseguirão derrota-lo, pois eu estarei com você para protegê-lo e salvá-lo. Eu o livrarei das mãos dos perversos e o libertarei do poder dos violentos. Eu, o Senhor, falei” (Jeremias 15:19-21 – NTLH – Versão para Jovens)

“Mas tu, ó Senhor, estás comigo e és forte e poderoso. [...] Assim, ó Senhor Todo-Poderoso, com justiça tu nos pões à prova, pois sabes o que está na nossa mente e no nosso coração. [...] Cantem ao Senhor Deus, louvem o Senhor porque ele livra os pobres do poder dos maus.” (Jeremias 20: 11a, 12a, 13 – NTLH – Versão para Jovens)

“ O mundo não era digno deles! [...] Assim nós temos essa grande multidão de testemunhas ao nosso redor. Portanto, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que se agarra firmemente em nós e continuemos a correr, sem desanimar, a corrida marcada para nós. Conservemos os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa. Ele não deixou que a cruz fizesse com que ele desistisse. Pelo contrário, por causa da alegria que lhe foi prometida, ele não se importou com a humilhação de morrer na cruz e agora está sentado do lado direito do trono de Deus. Pensem no sofrimento dele e como suportou com paciência o ódio dos pecadores. Assim, vocês, não desanimem, nem desistam.” (Hebreus 11:38; 12:1-3 – NTLH – Versão para Jovens)

“Porém nós que temos esse tesouro espiritual somos como potes de barro para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus e não a nós. Muitas vezes ficamos aflitos, mas não somos derrotados. Algumas vezes ficamos em dúvida, mas nunca ficamos desesperados. Temos muitos inimigos, mas nunca nos falta um amigo. Às vezes somos gravemente feridos, mas não somos destruídos. Levamos sempre no nosso corpo mortal a morte de Jesus, para que a vida dele seja vista neste nosso corpo mortal. [...] Por isso nunca ficamos desanimados. Mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia. E essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento. Porque nós não prestamos atenção nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem. Pois o que pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre.” (II Coríntios 4: 7-11, 16-18 - – NTLH – Versão para Jovens)

A verdadeira fé cristã é aquela que, tendo entendido o fim a que chegaremos vivendo-a, continuamos ansiando por vivê-la – pois conhecemos as promessas que nos foram feitas, e estamos certos de que essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória muito maior! E, com isto, ainda nas lutas e tribulações, podemos nos alegrar! Ainda que nosso corpo se desgaste, nosso espírito se renova dia a dia! Pois nossos olhos estão fixos nAquele que é fiel e justo para cumprir suas promessas!

Conhecendo o caminho que somos chamados a trilhar e regozijando-nos nele, assim somos verdadeiros cristãos. Felizes pela graça e honra de padecermos neste mundo por amor a Cristo. Alegres por saber que podemos lutar o combate que nossos “heróis-humanos” também lutaram – o combate que nosso Rei e Salvador, Jesus Cristo, também lutou. Pois não há maior graça do que esta a cada um de nós, pecadores e tão cheios de falhas. Não há maior dignidade do que nos assemelharmos a Cristo em suas dores.

Assim, ainda atribulados, não desanimamos, não desistimos, não voltamos atrás, não nos desesperamos.

E termino com as palavras de Pedro, que tanto têm ensinado ao meu coração nestes dias:

“Meus queridos amigos, não fiquem admirados com a dura prova de aflição pela qual vocês estão passando, como se alguma coisa fora do comum estivesse acontecendo a vocês. Pelo contrário, alegrem-se por estarem tomando parte nos sofrimentos de Cristo, para que fiquem cheios de alegria quando a glória dele for revelada. Vocês serão felizes se forem insultados por serem seguidores de Cristo, porque isso quer dizer que o glorioso Espírito de Deus veio sobre vocês. [...] Entreguem todas as suas preocupações a Deus, pois ele cuida de vocês. Estejam alertas e fiquem vigiando porque o inimigo de vocês, o Diabo, anda por aí como um leão que ruge, procurando alguém para devorar. Fiquem firmes na fé e enfrentem o Diabo porque vocês sabem que no mundo inteiro os seus irmãos na fé estão passando pelos mesmos sofrimentos. Mas, depois de terem sofrido por um pouco de tempo, o Deus que tem por nós um amor sem limites e que chamou vocês para tomarem parte na sua eterna glória, por estarem unidos com Cristo, ele mesmo os aperfeiçoará e dará firmeza, força e verdadeira segurança. A ele seja o poder para sempre! Amém!” (I Pedro 4:12-14; 5:7-11 – NTLH – Versão para Jovens)

Tendo descoberto o fim a chegaremos seguindo a Cristo, continuemos seguindo-O.

Que o Deus de toda a graça fortaleça a cada um de nós, Seus filhos, a permanecermos na batalha. Amém.


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*Pregação completa de Ed René Kivitz sobre o auto-engano e o amor em: http://www.4shared.com/audio/je3yafDp/Famlia_A_histria_de_ns_dois_O_.html