sexta-feira, 29 de abril de 2011

Você não pode fugir!

O AMOR QUE NUNCA NOS DEIXARÁ
[by Fellipe Mastrillo]


"15 de agosto de 1878,
 
Antes
 
Eu estou tentando fugir a mais de um mês. Mas parece que cada vez mais estou encurralado. Sei porque sinto essa sensação estranha de que ele me pegará a qualquer momento; a qualquer hora. Talvez quando eu dobrar a esquina ou quando chegar em casa. Não sei realmente se conseguirei escapar, mas o meu coração, teimoso e enganador, diz para eu seguir em frente. Vai. Diz que é melhor assim. Afinal de contas, eu estou livre novamente. Mas todos nós sabemos, coração, que estou mais preso do que antes. Numa cela mais fria, mais desumana e mais triste, onde os dias são tão escuros como as noites de lágrimas e sofrimentos.

Estou tentando fugir. Mas por que ainda penso que escaparei ileso? Não sou mais inteligente do que ele. Não sou mais astuto. Não sou mais rápido. Não tenho recursos. E cada dia que passa, fico ainda em situação pior. Não consigo dormir por causa da consciência pesada. Não consigo encontrar mais nenhuma satisfação. Nada. E embora as pessoas não saibam que sou um fugitivo, tendo a me esconder delas. Não consigo me relacionar direito; pensar direito. Vivo no mundo onde único habitante sou eu. Onde também sou o criador dele.

É horrível.

Depois

Ele me achou. Encurralou-me. Não há mais saída. Não há como escapar. Não há como fugir mais, simplesmente porque ele cuidou de tudo até nos mínimos detalhes e tirou de mim toda chance de escapar de suas mãos. Ele me achou e agora percebo claramente, tão claro como vejo uma árvore em um dia ensolarado, que foi inútil tentar fugir dele. No final das contas, eu era como uma zebra tentando fugir de um leão em campo aberto. Ela não conseguiria, eu não consegui. Agora estou aqui, em um canto da minha casa, onde menos eu esperei que ele pudesse me achar, escrevendo essas últimas linhas até que finalmente eu me renda e me entregue. Ouço seus passos se aproximando. Ele está aqui. A maçaneta começou a girar lentamente. É o fim. Ele me encurralou. Não tem como escapar mais.

Escute, fugitivos, não importa o quanto você corra, ele corre mais. Não importa onde você se esconda, ele te achará. Não importa o quanto você fuja, ele te encurralará. Você será pegue. Você será achado. Um hora ou outra, quando você menos esperar: você será encurralado.

Escute, fugitivos, ninguém nunca conseguiu escapar de suas mãos. Ninguém. Então, não perca tempo tentando, porque simplesmente não há salvação nesse sentido.
 
Ele então entrou no quarto, onde eu me escondia e se aproximou de mim.

- Eu me rendo - Eu finalmente disse. Larguei as armas no chão e cai de joelhos aos seus pés.

- Eu já lhe disse, meu filho - ele falou amorosa e firmemente como só ele faz bem. - Você é meu. E eu nunca perco nenhum dos que são meus.
 
Aqui, eu encerro a minha fuga: Deus nunca deixará que um filho seu se perca. Não deixará, por mais que você tente fugir. Ele irá te encurralar até que você perceba que a sua vida já não tem mais sentido algum se não for ao lado daquele de quem ninguém escapa. Assim como fez comigo. Se você é filho verdadeiro, você nunca será feliz enquanto não se render. Não fuja mais. Não adianta. Ele irá te achar. Ele irá fazer isso custe o que lhe custar.

E lembre-se sempre e não pense que será diferente com você:

Você é dele. E Ele nunca perde nenhum dos que são dele.

Por isso, renda-se agora mesmo. Esse é o amor que nunca nos deixará. "



terça-feira, 5 de abril de 2011

Desafio aos novos reformados

Cito as palavras do Rev. Augustus Nicodemos Lopes escritas em seu post "Um culto em Mars Hill Church", que nos convidam a uma reflexão de qual deve ser a nossa postura, enquanto novos cristãos reformados a se levantarem no mundo, e de forma especial no Brasil, especialmente no que diz respeito ao equilíbrio entre princípios bíblicos para o culto cristão e comunicação com nossa cultura e com os não crentes. A conclusão de seu post foi:

"Mas, penso que o princípio por detrás de Mars Hill merece nossa consideração. Ou seja, que nós, reformados no Brasil, precisamos encontrar uma maneira de ser reformados que seja mais eficaz e relevante para nossa própria cultura, sem comprometer princípios bíblicos. Precisamos refletir seriamente sobre o quanto na tradição reformada é inegociável por ser bíblico, e o quanto pode ser alterado e mudado por representar apenas a maneira reformada de ser de nosso pais e avós séculos passados."

 Este é um dos grandes desafios para as igrejas de fé reformada no Brasil, e também no mundo. Encontrar esse equilíbrio. Não estar focado em tradicionalismos ou formalidades que não fazem parte do ensino bíblico. Não se prender em coisas do passado que são negociáveis, mas também não abrir mão do que é inegociável. Não pregar nada além de Cristo, não precisar de marketing ministerial, mas também não desprezar o diferente, aquilo que aproxima a igreja dos perdidos e da realidade cultural em que estamos inseridos.

Isso é muito difícil. Normalmente, cambaleamos para um dos dois extremos: ou somos tradicionalistas e nos prendemos a formalismos, excluindo formas diferentes de alcançar o mundo (como estilos musicais, ordens de culto, maneiras de ministrar a Palavra, estilos de vestir, etc); ou, no outro extremos, abrimos mão da verdade bíblica, da reverência e respeito que devemos ter ao cultuarmos a Deus e do foco em Cristo e sua Palavra, e passamos a nos preocupar apenas com o que irá agradar ao público-alvo. Nenhuma das duas coisas é boa. Precisamos encontrar o meio-termo diante de tudo isso, para que vivamos nossa missão de sal e luz do mundo com integridade, mas também sem preconceitos.

Deus nos guie.

sábado, 2 de abril de 2011

Quando Deus fica em silêncio...


"Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas diante do SENHOR, mas o SENHOR não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto. Depois do terremoto houve um fogo, mas o SENHOR não estava nele. E depois do fogo houve o murmúrio de uma brisa suave. Quando Elias ouviu, puxou a capa para cobrir o rosto, saiu e ficou à entrada da caverna." (1 Reis 19: 11-13)


Num tempo de tanto barulho e confusão, vozes que não cessam, relações sociais, pessoais, virtuais e um tempo que não pára, é preciso treinar os ouvidos para ouvir além do som. Ouvir o silêncio. Pois é nele que, muitas e muitas vezes, Deus fala. O silêncio de Deus não significa, necessariamente, um castigo ou um despreparo ou desmerecimento nosso de ouvir a Sua voz. Significa, simplesmente, que Ele escolhe uma brisa suave, ao invés do vento forte, do terremoto ou do fogo abrasador para falar. Assim, nossos corações é que precisam aprender a ouvir, e não o Senhor mudar o seu jeito soberano e sempre perfeito de se comunicar conosco. Somos nós que precisamos aprender a parar, acalmar, esperar com paciência e confiança. Hora de parar de gritar para poder ouvir. Ele sempre está falando.


[O grito desesperado de um Filho. O amor sempre constante e perfeito de um Pai.]

"Pai, eu sei que o Teu silêncio só me basta
Que o Teu calar diz mais do que palavras
Mas sabes, no momento, que eu preciso ouvir,
Ouvir Tua voz...

Pai, eu sei que errei e quero te pedir perdão
Talvez o Teu silêncio seja a correção
Talvez eu não esteja tão maduro assim
Pra te ouvir falar

Pai, desesperado clamo Tua compaixão
Não posso suportar a dor da solidão
Sussurra ao menos algo ao meu coração
E então, me diz qual é o meu caminho,
Minha direção
Minh'alma está gritando, pronta pra te ouvir
Renunciei minha vida e hoje estou aqui.

Fala ao meu coração as coisas do Teu coração
Se Tua palavra me fizer chorar,
Sei que é por amor...
Quebra o silêncio, então
E toca-me com Tua mão
Fala com Tua voz de Pai
Dá-me Tua paz...

.......

Filho, eu sempre estou falando pra quem quer ouvir
E mesmo se não falo, sempre estou aqui
Até quando descanso, olho por ti

Filho, se a vida te machuca sofro por ti
Carrego-te nos braços, pode crer!
Confia teu futuro em minhas mãos,
Filho meu!

Sim, esqueça o teu passado, já te perdoei
Por tantas vezes tua vida eu restaurei
Sou eu quem te renova e te faz feliz!

Não, não fique assim gritando,
Pois já estou aqui
Faça silêncio em torno do teu coração
O meu falar é baixo,
Podes não me ouvir...

Dá-me teu coração
As dores do teu coração
Se minha palavra te fizer chorar,
Saiba é por amor!

Dá-me teu coração
As dores do teu coração
Falo com minha voz de Pai
Dou-te a minha paz!

.........

Pai,
Agora eu sei que o Teu silêncio só me basta..."


[Chamando Deus de Pai - Dalvimar Gallo]