segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Chamados para a Guerra!



“Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos” (II Co. 4:8-9)


Sim, esse é o chamado para cada cristão genuíno: a guerra. Essa não é uma declaração muito comum nos púlpitos e não costuma-se falar muito sobre esta promessa de Cristo para cada um daqueles que querem seguí-lo, mas essa é uma verdade bíblica. E uma verdade da qual precisamos nos lembrar com muita freqüência.

Existem alguns aspectos sobre os quais eu gostaria de falar dentro deste chamado para as nossas vidas seguindo a Cristo.

Em primeiro lugar, sobre o perigo de esquecermos a nossa realidade enquanto peregrinos neste mundo: de que estamos em guerra. Cada verdadeiro Cristão que ainda vive neste século presente vive, cotidianamente, no meio de uma guerra. Foi pra isso que fomos chamados. E é essa a nossa vida. No entanto, a maioria de nós (eu, inclusive) se esquece com muita facilidade disso. E, se você se esquece da realidade de sua vida, você passa a viver uma mentira, uma ilusão, e é dessa forma que tão facilmente nós nos deparamos com nossas próprias vidas, e com cada luta que passamos, e não conseguimos compreender o que está errado – e nos frustramos, decepcionamos, deprimimos. Perguntamos: “Por que todos esses tiros me atingindo? Por que todas essas bombas sendo lançadas em minha direção? Por que todo este barulho infindável de explosões? Por que minhas roupas estão rasgadas, minha pele manchada de sangue, minhas pernas cansadas e meus braços doendo continuamente? Por que todas essas pessoas feridas e pedindo socorro ao meu redor? Por quê, Senhor?”

São perguntas tão comuns em nossa caminhada cristã, não são? O problema é que achamos que estamos num passeio na praça com nossos amigos, enquanto a verdade é que estamos em meio à guerra. Esquecemos de que todas essas coisas não são raras, mas são totalmente naturais de acontecerem. Estamos lutando! Vamos nos cansar, vamos sentir dores, vamos ter medo, vamos nos ferir e sangrar e querer desistir. Tudo isso vai, garantidamente, acontecer! Mas Jesus nos prometeu que esse não seria o fim. E nós precisamos nos lembrar, quanto pudermos, dessas duas coisas: estamos em guerra – mas nosso General está conosco, e Ele vai cuidar de nós!

Em segundo lugar, queria falar sobre a imagem que temos da guerra. Comumente, quando falamos de guerras, são tantas lembranças tristes, comentários sobre mortes e sofrimentos e lágrimas sem fim. Mas eu gostaria que pensássemos além dessas coisas.

Certa vez eu falei pra uma amiga querida que gostava de filmes de guerra. Ela ficou chocada! “Aline, eu nunca iria imaginar que você gostava de filmes de guerra! Você é toda delicadinha e romântica!”. Rsrs. E eu confesso: também gosto de filmes policiais! [Hahaha].. Mas essa é outra questão. A verdade é que eu realmente gosto demais de filmes de guerra, e que tenho aprendido muito com eles sobre minha vida cristã e meu chamado pra luta – algumas coisas que os romances e suas utopias nos fazem esquecer. E existem algumas coisas que podemos perceber nesses filmes e que são verdadeiras lições de vida pra nós.

Uma das coisas que me chama muito a atenção nesses filmes é a profundidade da entrega que cada soldado faz de sua vida por um determinado propósito. Isso é incrível! Esses dias, pedi na internet o DVD do filme “Coração Valente” e a coleção dos filmes do “Senhor dos Anéis” (xD). São filmes que me encantam, além de outros similares. Porque olho pras vidas daqueles caras, totalmente cientes dos perigos que eles passarão indo para o meio da batalha, e vejo tanta convicção por um ideal, tanta paixão por um ideal que perder a sua vida por este ideal deixa de ser uma tragédia, e passa a ser uma honra. Não deixa de existir medo ou apreensão, não passa a existir prazer natural no sofrimento. Mas a consciência de que aquele propósito precisa dele, de que existe um plano maior do qual ele pode participar e pelo qual ele pode estar lutando, gera a coragem necessária para empunhar a espada e ir pra luta. Isso é lindo demais! Isso me encanta, me comove e me faz ver exatamente o que eu devo viver enquanto cristã. Ao ver essas coisas, peço a Deus que gere em meu coração uma compreensão tal da minha missão aqui na terra, da importância dessa guerra que está acontecendo, a tal ponto que haja paixão em mim por fazer parte dela e por entregar minha vida por ela se assim for preciso. Não vejo tristeza nisso – vejo heroísmo, vejo uma profunda noção de identidade e de destino, uma profunda noção de vida, e de que ela não termina quando morremos, não termina aqui neste mundo. Assim, sofrer no meio da batalha nos faz regozijar, ainda mais na batalha para a qual somos chamados: a Batalha de Cristo. Saber que fomos escolhidos, individualmente, para fazer parte deste exército não é uma idéia que deve nos abater ou entristecer pela possibilidade de sermos baleados ou mortos lá – é uma idéia que deve nos fazer exultar plenamente, porque como podemos ser dignos deste tão alto chamado?

Outra coisa que acho maravilhoso nestes filmes e histórias são as relações estabelecidas entre os soldados que estão lutando juntos. Ah, isso é incrivelmente lindo! É muito comum nesses filmes existir um grupo de soldados ou guerreiros que fazem tudo juntos. São 5, 6, 7 pessoas que estão lutando lado a lado. Normalmente, o filme mostra como eles chegaram ao campo de batalha totalmente estranhos uns aos outros, se conheceram, foram para a luta juntos, viram uns aos outros sendo feridos e torturados no campo, e então, se tornaram amigos e irmãos. O resultado que todo aquele ambiente de dor e sofrimento gerou no meio deles: a união e a comunhão de vidas! Como isso é incrível! Aqueles homens passam, então, a ter tal comunhão de vida que deixam de viver apenas por si mesmos, mas passam a viver para ajudar o outro também. Eles podem estar cansados, cheios de dores, machucados, sem forças, mas ao ver o seu companheiro sendo atingido, ao ver um de seus companheiros precisando de sua ajuda, lá eles estão para dar a mão, sustentar o ferido em seus ombros e levá-lo consigo até onde conseguir – ainda que isso signifique o risco de morrer junto com ele. Vale à pena dar a sua vida pelo outro. A verdade é que é nesses momentos de tribulação, ao ver o seu amigo sofrendo as mesmas dores, ou ainda maiores, do que você, que você passa a se identificar de forma profunda com ele, e entende os laços de uma verdadeira amizade e fraternidade.

E essa é a nossa realidade enquanto cristãos também. Hoje eu estava ouvindo uma pregação sobre os versículos acima mencionados, e sobre todas as tribulações que viveremos em nossa caminhada cristã aqui nessa terra, e como fiquei feliz ao pensar em meus irmãos que estão nessa batalha junto comigo. Cara, como eu fiquei feliz por isso! Como agradeci a Deus por poder lutar do lado deles, por podermos sofrer juntos e podermos nos ajudar uns aos outros, por um animar o outro quando o outro já não tem forças, porque não estamos sozinhos. Isso é tremendo! E esse é o sentimento que deveríamos ter uns pelos outros, por cada um de nossos irmãos que tem lutado o Bom Combate de Cristo aqui na terra: essa identificação tal que o sofrimento do outro seja também o nosso sofrimento, que a alegria do outro seja também a nossa alegria, porque sabemos que estamos vivendo pelo mesmo propósito, porque somos companheiros da mesma guerra – e isso é uma dádiva!

Há beleza na guerra! Não precisamos apenas ficar temerosos e abatidos pelo fato de que fomos chamados para guerrear. Nossa geração tem sido ensinada de que o objetivo é fugir da dor, do desconforto, do sofrimento de todas as formas que pudermos, independente do que tenhamos que fazer. Temos sido doutrinados a crer que qualquer tipo de sofrimento é totalmente condenável, e que viver assim é loucura e não pode ter nada bom. Mas isso não é verdade. Quanta beleza e profundidade há nos ambientes de guerra. Quantas coisas que nos faz mais humanos, menos egoístas, menos mesquinhos e orgulhosos. Porque passamos a olhar para além de nós mesmos, nossas necessidades, nossas preferências, nosso bem-estar, e passamos a olhar para um grande ideal, para grandes pessoas de valor que estão lutando do nosso lado, e para o quanto podemos ser instrumentos para algo eterno nesse mundo. Para quem vive numa sociedade cujos indivíduos fogem de responsabilidades e de grandes lutas, talvez seja difícil ver honra na guerra. Mas, que o Espírito Santo possa restaurar nos corações de nossa geração o verdadeiro entendimento da Guerra que nos está proposta – de quanto vale a pena fazer parte dela.

E, além de todas essas coisas, existe uma verdade ainda mais animadora e fortalecedora para cada soldado: nós temos um General, e Ele está à nossa frente nessa luta. Ele já nos garantiu a vitória, e prometeu estar conosco todos os dias, ainda que não O vejamos, ainda que nossos corações ou olhos não contemplem como gostaríamos a Sua Presença. Mas Ele está lá e não esqueceu, nem esquecerá nunca de nós. Ele estará nos esperando quando a batalha terminar e nós tivermos vencido. Ele terá um novo lar e um grande galardão preparado para nós em nosso retorno da guerra, e é com Ele que todos nós viveremos juntos, eternamente recuperados de todo o ferimento, de toda a dor e angústia que passamos na luta.

E, enquanto estamos aqui, muitas vezes cansados da luta, com tantos machucados e tão poucas forças que achamos que não podemos ir mais além, devemos nos lembrar que podemos chamá-Lo sempre que precisarmos, e Ele trocará nossas vestes, retirará nosso fardo, restaurará nosso corpo e nos dará o descanso que precisamos. Ele renovará nossas forças para que continuemos a batalha. E iremos até o fim, porque nosso General é a nossa força.

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28-10)

Sim, nós “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos” (II Co. 4:8-9). E, sem dúvida, é uma honra ser chamado e fazer parte desta Guerra!


“Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as coisas que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas” (II Coríntios 4:16-18)


Que nosso Deus Pai, em nosso Senhor Jesus Cristo e no Espírito Santo que habita em nós e nos capacita para a luta, seja louvado e glorificado para todo sempre, e através de cada um de nós! A Ele seja toda a honra para sempre!

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