terça-feira, 28 de abril de 2009

Pureza no namoro (by Beleza Imperecível)

Pessoal, estou postando um texto excelente sobre pureza no namoro, que li no site da minha querida irmã Anna - Beleza Imperecível. O texto, na verdade, foi cedido pelo site Monergismo, e estou publicando-o aqui com permissão da Anna. Espero que todos leiam, pois é muito bom mesmo! ;)

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O texto é do Tiago Abdalla T. Neto, cedido gentilmente pelo site Monergismo.
PUREZA NO NAMORO: ISSO É POSSÍVEL?

Dois amigos se encontram no seminário, onde estudam teologia. Um deles pergunta:- E aí, Ciclano, já começaram a namorar?
- Sim, conversamos com os pais dela, e eles deram permissão.
- E aí, já beijou?
- Já.
- É isso aí, garoto!

Beijos à parte, essa história mostra algo bem interessante. Ao saber do namoro de Ciclano, seu amigo coloca o foco no beijo. A preocupação não se concentra em como estava sendo essa fase inicial, o quanto aproveitaram o tempo juntos para crescer em intimidade com Deus, como estavam lidando com as questões de planos para o casamento e lutando para manter sua pureza. Nada disso, o foco estava no desfrute do relacionamento físico. Esse tipo de conversa faria qualquer garota com a cabeça no lugar, sentir-se uma “boca ambulante”.

Essa questão me preocupa como alguém que pastoreia uma comunidade, na qual a maioria dos membros são jovens e estão na fase de começarem um namoro e caminharem rumo ao casamento. Certa vez, ouvi um professor de seminário dizer que casais de namorados tinham liberdade para se beijarem, pois Salomão beijava Sulamita, antes do casamento. Sua base bíblica era Cantares 1.2: “Ah, se ele me beijasse, se a sua boca me cobrisse de beijos…”. O problema é que se esse fosse o caso, então, ele inevitavelmente deveria defender que o casal também tem liberdade para ter relações sexuais antes do casamento! Pois o verso 4 diz: “Leve-me com você! Vamos depressa! Leve-me o rei para os seus aposentos!”. É óbvio, então, que o texto NÃO faz apologia nem ao beijo nem às relações sexuais antes do casamento. Aliás, afirmar que Salomão beijava Sulamita no noivado demonstra total falta de cuidado ao interpretar o texto de Cantares.

Quero propor aqui que o amor romântico pode e deve ser cultivado durante o período de namoro, sem, todavia, estragar a pureza física e moral do casal. Meu propósito não é colocar uma série de limites até onde um casal pode chegar e do qual não pode ultrapassar. Desejo, realmente, que pensemos no relacionamento físico entre um homem e uma mulher, de uma forma moldada pela Palavra de Deus que promova a glória dEle. Pois,Um relacionamento terreno só pode ser corretamente desfrutado quando levado em conta o relacionamento celestial com o Pai. Como parte da dádiva divina que é a vida, o namoro pode e deve ser desfrutado debaixo do temor do Senhor, incentivando atitudes que fomentam a santidade para a glória de Deus.

Assim, compartilho neste capítulo do estudo, algumas questões que tenho avaliado em minha caminhada cristã e, ao mesmo tempo, o que venho aprendendo com outros irmãos, à luz daquilo que as Escrituras nos ensinam. Creio que o problema principal na nossa visão de namoro cristão é que muitos encaram a pureza como uma linha de limite sobre o que se pode e não se pode fazer, enquanto a Bíblia apresenta a pureza como um alvo a se buscar e um caminho a percorrer. Se queremos construir um namoro realmente puro e cujo foco é o crescimento mútuo e a glória de Deus, precisamos parar de discutir sobre até onde um casal pode chegar em sua intimidade física, e começar a nos preocupar em como podemos ajudar uns aos outros, enquanto solteiros ou casais de namorados, a viver uma vida realmente santa que foca os interesses do reino de Deus antes dos nossos próprios interesses.

Quando um casal de namorados aborda a questão do contato físico no namoro com a seguinte pergunta: “Quais serão os limites do contato físico em nosso namoro?”, começaram com a pergunta errada. O que provavelmente está por trás dessa pergunta é: “Até onde podemos desfrutar um do outro fisicamente?”. Proponho aqui uma outra pergunta que vai de encontro à proposta bíblica: “De que modo podemos aproveitar este tempo de namoro, a fim de ajudar um ao outro a crescer na vida cristã e a construir um caráter que Deus espera de um futuro marido e uma futura esposa?”. O foco desta questão muda e dá outra direção ao relacionamento. Não são regras humanas que tornarão as pessoas mais puras. Paulo ensinou isso aos colossenses, lembrando-os que regras humanas não tinham qualquer poder para refrear os impulsos da nossa natureza pecadora:

Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que, como se ainda pertencessem a ele, vocês se submetem a regras: “Não manuseie!”, “Não prove!”, “Não toque!”? Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos. Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne. (Cl 2.20-23, NVI).

Em lugar de oferecer regras, Paulo conduz seus leitores a uma vida devotada a Deus, focando seus pensamentos e desejos naquilo que O agrada (Cl 3.1-4), abandonando as paixões e anseios de seus corações pecadores (Cl 3.5-7). É claro que uma vida cujo foco está em Deus, irá expressar isso de modo prático, como o texto continua mostrando, ao falar do abandono da ira, maledicência, mentira, e do revestir com a compaixão e perdão (Cl 3.8-14). Mas a preocupação primordial deve estar no nosso coração, não apenas em ações externas. É do nosso coração que depende nossa espiritualidade: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). Como diria o pastor John Piper, “Deus é mais glorificado em nós quando nos satisfazemos mais nEle”. Qualquer casal que deseja vencer a impureza sexual no namoro, deve buscar, antes de tudo, um coração profundamente desejoso por Deus e que se satisfaz completamente nEle, tanto em Sua santidade quanto em seu amor.Para compreendermos a questão da pureza física no namoro, vamos destacar alguns pontos cruciais ensinados pela Palavra de Deus:

1. Intimidade Física é Símbolo da Aliança do Casamento, Não Recompensa por Níveis de Comprometimento – Gn 2.24; Ef 5.22-32

Michael Lawrence desenvolve bem essa questão em seu texto Sex Theology, por isso, traduzi uma boa parte dele, a fim de que você possa refletir sobre a questão da intimidade física e perceber como muitas vezes pode-se compreender mal o ensino das Escrituras nessa área da sexualidade humana:

Freqüentemente, nós justificamos nossa atividade sexual sobre a base do nível de comprometimento no relacionamento. Quanto maior o nível de comprometimento no relacionamento, mais sexualmente envolvidos nós nos permitimos estar. Uma das coisas mais comuns que ouço no aconselhamento pré-matrimonial são casais dizendo que eles se abstiveram da atividade sexual até noivarem. Neste ponto, toda a restrição interna que eles sentiram, de repente desaparece e, agora, se encontram lutando – algumas vezes falhando – para permanecerem fora da cama.

Será que temos compreendido erradamente o padrão de Deus? Comprometimento crescente legitima níveis crescentes de intimidade sexual fora do casamento? Aqui é exatamente onde a teologia do sexo se torna importante, e uma teologia do sexo requer bem mais do que uma lista sobre o que fazer e o que não fazer. Conforme isso é exposto, sexo não é uma recompensa arbitrária que você recebe por casar-se, e intimidade sexual não está ligada a uma escala crescente de compromisso. Antes, sexo possui um significado teológico dado por Deus e propósito que transcende “minha” experiência e opinião acerca disso.

Conforme o primeiro capítulo do livro de Gênesis, Deus criou homem e mulher à sua própria imagem. “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27). O que isso significa é explicado nos versos seguintes. Como Deus, homem e mulher devem exercer domínio sobre a terra. Eles devem ser criativos enquanto promovem a ordem e produtividade da criação de Deus. Eles devem, também, viver num relacionamento frutífero um com o outro. Isso é uma clara implicação do mandamento de Deus “Sejam férteis e multipliquem-se” (Gn 1.28). A questão fica ainda mais explícita em Gênesis 2. No meio da criação perfeita de Deus, ele coloca um jardim, literalmente um paraíso. Logo, Deus coloca o homem que Ele fez neste “paraíso” e lhe dá uma tarefa (v. 15). Ordena ao homem que cuide e proteja este jardim. Quase imediatamente depois que dá ao homem esse chamado básico para a sua vida, Deus declara, pela primeira vez, que há algo que não é bom: não é bom que o homem esteja só (v. 18). Então, Deus cria a mulher e a traz ao homem. Adão observa Eva e diz: “Essa é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2.23). Então, percebemos que somos testemunhas do primeiro casamento, quando Adão e Eva se unem e se tornam uma só carne.

A Bíblia nos ensina que casamento é uma aliança que estabelece um relacionamento entre um homem e uma mulher que não possuem obrigações naturais um com o outro, como um pai e um filho possuem, mas que voluntariamente assumem obrigações permanentes e compromissos de um relacionamento familiar. Antes de dois indivíduos se casarem, eles não são familiares; não são uma só carne. Mas no casamento, estes dois indivíduos se tornam familiares numa união tão próxima, íntima e permanente que a única linguagem para isso é a linguagem da família, a linguagem de carne e sangue.

Nossa capacidade para estabelecer este tipo de relacionamento de aliança é parte do que significa ser criado à imagem de Deus. Exatamente como Cristo é unido ao seu povo de tal modo que Ele se torna a cabeça e a Igreja o Seu corpo (Ef 5.23,30), assim Deus nos criou para refletir Sua imagem enquanto nos relacionamos com uma outra pessoa numa união pactual de uma só carne. Tornar-se uma só carne não significa tornar-se uma só pessoa. Um marido e uma esposa permanecem sendo pessoas distintas. Porém, isso significa que como resultado da aliança do casamento, o marido agora se relaciona com sua esposa como se ela fosse parte do seu próprio corpo, cuidando dela e a protegendo, exatamente como cuida e protege a si mesmo.Agora, se casamento é uma aliança, então tal aliança deve ter um sinal, algo que torna visível a realidade invisível da união de uma só carne. Este é o modo como todas a alianças funcionam na Bíblia. Quando Deus fez uma aliança com toda a criação de não destruir o mundo, novamente, por meio do dilúvio, ele colocou o arco (que chamamos de “arco-íris”) como um sinal no céu. Quando Deus faz a aliança com pecadores arrependidos na Nova Aliança, ele nos dá o sinal do batismo, no qual o visível retrata a realidade invisível de nosso ser sepultado com Cristo, sendo purificado do pecado, e ressuscitando para uma novidade de vida. Da mesma forma, funciona com a aliança do casamento. Um vez casado, um homem se relaciona com sua esposa unindo-se a ela num relacionamento de uma só carne, de mútuo amor, lealdade e intimidade. O sinal desta aliança é o ato físico de tornar-se uma só carne no intercurso sexual.

Agora, eu suponho que alguns leitores estejam pensando: “Você vai dizer que casais devem se abster de beijar até o casamento?”. Não quero lançar um novo conjunto de limites que não devem ser atravessados. Isso desvia do foco. Antes, sugiro que todos nós devemos repensar o propósito e significado da intimidade física entre um homem e uma mulher. Em tudo o que um casal de namorados se envolve fisicamente, com exceção do intercurso, casais casados também o fazem. A única diferença é que um casal casado tem um nome para essa atividade. Chamam isso de “preliminares”. Então, enquanto o casal de namorados conforta a si mesmo, dizendo: “Até aqui tudo bem, porque isso não é sexo”, o casal casado diria: “Isso é ótimo, porque é parte do sexo!”. O fato é, Deus não apenas criou o intercurso sexual, Ele criou tudo que leva ao intercurso, também. E todas as coisas estão ligadas juntas. As preliminares são a rampa de mão única que levam à auto-estrada do intercurso sexual. Em nossos carros não pretendemos diminuir a velocidade nessa rampa de mão única, nem voltar atrás. As rampas que levam à auto-estrada não foram designadas para isso. Foram projetadas para aumentar a velocidade do carro em direção à auto-estrada. Assim, é com as preliminares. Foram projetadas para que um homem e uma mulher aumentem a velocidade e isso funciona. Então, se você não é casado, o que está fazendo na rampa de mão única que leva à auto-estrada? Não foi tencionada para você ficar se expondo sem nenhuma direção, acelerando seus motores, mas não indo a lugar algum.


2. Intimidade Física fora da Aliança do Casamento é frontalmente oposta à Vontade de Deus – 1 Ts 4.3-7

Quando nos deparamos com 1 Tessalonicenses 4.3-8, percebemos no texto algumas diretrizes importantes:

a) V. 3 - O desejo de Deus para seus filhos é que eles se guardem da imoralidade sexual, ou seja, qualquer intimidade física com outra pessoa que não a minha esposa ou marido. Isso deve levar irmãos em Cristo solteiros a ajudarem uns aos outros na preservação da pureza de ambos os sexos. A pergunta típica de um casal de namorados bem intencionados, mas com uma teologia errada é: “Isso mexe com você?”. O ideal de Deus é que casais de namorados e noivos nem sequer façam esse tipo de pergunta, pois deveriam estar longe da imoralidade e não testarem até onde podem chegar sem provocar desejos no outro. A ordem bíblica é fugir, não se aproximar (1 Co 6.18).

b) V. 4-5 – Todo cristão deve cuidar de seu corpo a fim de glorificar a Deus por meio dele. Toques e beijos apaixonados não refletem o autocontrole requerido por Deus dos que são seus filhos. Devemos ser governados pelo Espírito Santo (Ef 5.18), não por desejos e sensações físicas. Nosso corpo é habitação do Espírito Santo e deve ser cuidado como propriedade de Deus, não nossa (1 Co 6.19-20). A melhor pergunta a se fazer é: “Pai, como o Senhor gostaria que eu cuidasse de meu corpo no relacionamento com minha namorada, de modo que O glorifique?”.

c) V. 6-7 – Cuide de sua irmã ou irmão. Não o provoque com palavras, toques nem beijos. Não pense que o seu namorado(a) será mais seu/sua, à medida que aprofundam seu relacionamento físico. Nenhum namorado ou namorada é dono do outro, os únicos que possuem direitos sobre o corpo um do outro são aqueles que estão dentro do compromisso da aliança do casamento (1 Co 7.1-5). O modelo bíblico para tratamento entre qualquer moça ou rapaz que não são casados, sejam casais de namorados, noivos ou solteiros é tratar um ao outro como irmão ou irmã (1 Tm 5.1-2). Lembre-se, ainda que uma moça ou rapaz seja a(o) sua/seu namorada(o), isso não lhe dá direito de desenvolver intimidade física com ela(e), pois essa pessoa poderá ou não ser seu futuro cônjuge. É claro que o propósito do namoro é casar, mas isso não poderá ser garantido até à troca das alianças. Todo namorado ou namorada deveria zelar tão bem pelo seu par, tanto fisicamente como emocionalmente, de modo que se outra pessoa se casar com ele(a), possa lhe agradecer pelo modo respeitoso como você o(a) tratou, cuidando da pureza do leito matrimonial deles (Hb 13.4).


CONCLUSÃO

Se este estudo contribuir para que namorados e pretendentes adquiram uma visão bíblica da beleza e santidade do casamento, além de focarem seus alvos na glória de Deus e na imagem de Cristo, então, certamente, teremos futuras famílias fundamentadas na suficiência de Cristo, dependentes totalmente da Graça de Deus, que espalham adoradores e espelham o Criador, proclamando ao mundo e anunciando às futuras gerações as grandezas daquEle que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.


Retirado de Beleza Imperecível: http://belezaimperecivel.com/?p=500

4 comentários:

Aline Ramos disse...

Só gostaria de fazer uma ressalva...
Postei pra vcs o texto na íntegra, como está no Beleza Imperecível.
No entanto, eu gostaria de expor minha opinião a respeito de um ponto sobre o qual discordo no texto.
Não concordo que o símbolo visível da Aliança de Casamento seja o momento de união sexual entre o casal! Não é isso que define que a Aliança de Casamento está firmada! A união sexual não determina que duas pessoas estão casadas! O que firma esta Aliança, e caracteriza o seu símbolo (como toda aliança tem, concordo!), é a própria cerimônia de casamento! A troca das alianças, a liberação da benção e a declaração que ambos estão casados feita pelo sacerdote... enfim, aquele momento de cerimônia! A partir dali os dois podem se considerar casados e, então, usufruir da benção da união sexual (assim como suas preliminares)...

É isso! Bençãos! ;)

Leandro disse...

Isso Aline, só acrescentando que a base da aliança que é feita na cerimônia de casamento é a PALAVRA, os VOTOS dos que estão fazendo a aliança. "Eu te amarei na alegria, na tristeza, na saúde, na doença, até que a morte nos separe". Se não houvesse essa "promessa" diante das pessoas e de Deus, não haveria aliança.

Julie Maria disse...

Querida Aline,

lendo este texto me fez lembrar de outro que une os dois elementos e seu significado no plano divino: o voto (o "sim" dos esposos) e a união em "uma só carne". Ambos estão no plano divino para o casamento :)

Espero que goste!

http://www.teologiadocorpo.com.br/Home/artigos/uma-teologia-basica-do-casamento

Abraços!

JM

Aline Ramos disse...

Obrigada, Julie, por mais esta indicação! Realmente, é o compromisso firmado do casal um com o outro e ambos com Deus e diante de Deus que concretiza esta união espitirual e as bençãos de Deus para este Casamento. Sem isso, diante do Senhor, não existe casamento, ainda que haja compromisso prático.
Estarei dando uma olhadinha no texto!
Deus a abençoe sempre! ;)