segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A mão de Deus na história do homem



Estava lendo, esses dias, os capítulos iniciais do Evangelho de Mateus, e tudo aquilo que é descrito ali tem falado muito comigo.

O capítulo 1 começa com a genealogia de Jesus e depois retrata seu nascimento , e o capítulo 2 continua falando sobre as fugas de José e Maria e seus momentos de exílio. E é um pouco sobre o que estas narrativas falaram ao meu coração que quero escrever hoje.

Genealogias são aquele tipo de passagem bíblica sobre as quais falamos: “O que isso tem a ver? Por que eu tenho que saber isso?”. Quem nunca passou por isso? E, ao ler os 17 versículos iniciais de Mateus 1, foi isso o que me perguntei. Mas, dessa vez, parei mesmo pra tentar entender e receber uma resposta. E a resposta estava lá, e que grandiosa ela era. Olhei para aqueles 17 versículos, e lá estavam mais de 2000 anos sendo retratados! E, muito mais do que isso: lá estava a mão de Deus sendo revelada nestes mais de 2000 anos de história da humanidade!

Se olharmos pra todos aqueles nomes e tentarmos lembrar de quem foram aquelas pessoas, de como Deus guiou absolutamente tudo para que, no final, tudo aquilo levasse a Cristo e ao cumprimento de Suas promessas, ficamos facilmente pasmos! Mas, uma das coisas que mais me chocou ao ler um pouco mais profundamente essa genealogia foram os caminhos que Deus usou para chegar a Jesus: não caminhos “perfeitos aos nossos olhos”, mas caminhos cheios de pessoas falhas e desprezíveis a nosso entendimento! A genealogia fala de Perez, filho de Judá, nascido de Tamar, a nora de Judá que tramou para engravidar dele, porque este a havia enganado!; fala de Boaz, que nasceu de Raabe, uma prostituta cultual; fala de Salomão, o filho do adultério de Davi, a prova de seu pecado; fala de Manassés, um homem descrito como o pior rei da história de Israel; e, talvez, ainda de outros mais sobre os quais não me recordo a história. Mas esses homens foram escolhidos por Deus para fazer parte da genealogia do Messias, Seu próprio Filho!

Indo mais além, parei no versículo 17 que diz: “De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para a Babilônia, catorze gerações; e desde a deportação da Babilônia até Cristo, catorze gerações”. Mais uma informação sobre a qual pensamos: “E daí?”. Mas, e se pensarmos em como, até nisso, nesse mínimo detalhe numérico, Deus pensou, Ele planejou que fosse assim! Por quê? Imagino eu que para revelar a nós a Sua mão sobre toda a história da humanidade! É dele o controle, e até mesmo uma “coincidência” numérica de gerações até o nascimento do Messias Ele fez acontecer! É o Seu poder e a Sua soberania que este texto nos revela!

E não para por aí. O capítulo 1 continua, bem como o capítulo 2, relatando exatamente esse direcionamento de Deus, segundo a Sua própria vontade, guiando todos os acontecimentos do início da vida de Jesus. Até então, eu lia as narrativas do nascimento de Jesus e dos avisos que José recebeu como livramento de Deus, e via apenas isso. Mas quanto mais existe ali! Acho mesmo que não é esta a principal mensagem, não a que Mateus narra, pelo menos. Em todo tempo, Mateus mostra como que tudo o que aconteceu, desde a concepção de Maria ainda sendo virgem, até o nascimento de Jesus em Belém, sua fuga para o Egito, seu retorno para Nazaré, e assim por diante, tudo já havia sido dito por Deus através dos profetas. E todas estas coisas aconteceram, guiadas por Deus, para cumprir a Palavra dita por Deus há CENTENAS de anos!

Mas, novamente, vamos olhar os meios usados por Deus para fazer todas as coisas chegarem a esse fim. A fuga de José e Maria para o Egito, por exemplo. Por que eles precisaram fugir? Porque Herodes mandou matar todos os meninos recém-nascidos de Belém. Foi um assassinato brutal e terrível! Mas, se paramos pra pensar: e se Herodes não tivesse feito isso? Teria José fugido para o Egito? Porque o Senhor havia dito pelo profeta que “Do Egito chamei o meu filho” (Mateus 2:15). E Mateus também diz que Jeremias já havia previsto que esse assassinato em massa ocorreria: “Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande pranto: Raquel chorando por seus filhos, e não querendo ser consolada, porque já não existem” (Mt. 2:17-18). O que isso quer dizer? Que até mesmo o que a nossos olhos é uma tragédia, pode ser planejado e usado por Deus para alcançar Seu fim e cumprir Suas promessas! Deus planejou essa ação de Herodes, e fez isso acontecer, como Ele havia predito, para cumprir Sua palavra sobre o Messias e provar Sua soberania e poder! Foi assim com o Faraó do Egito, na libertação de Israel.

E o que tudo isso me trouxe ao coração é que ainda é assim hoje, em nossas vidas. Deus sempre esteve no controle, nada nunca “deu errado” para Deus! As coisas não saíram e não saem do Seu controle – a Sua mão continua guiando a história da humanidade, como fez naqueles tempos, e como continua fazendo. Ele tem um fim aonde pretende chegar, seja em relação à toda a humanidade, ou em relação às nossas vidas individualmente. E, da mesma forma que aquelas pessoas que viviam naqueles tempos não compreendiam certos caminhos de Deus para alcançar Seus propósitos, porque estes caminhos eram trágicos e cheios de sofrimento, nós também, muitas vezes, não compreendemos os meios do agir de Deus em nossas vidas. Não compreendemos as dores e perdas que passamos, porque não conseguimos ver para que elas podem servir. Mas, ainda que não saibamos, Deus sabe! Elas não acontecem sem o Seu conhecimento e consentimento, nem mesmo sem o Seu planejamento!

Como Deus planejou situações que nos parecem terríveis e incompreensíveis no passado, porque Ele tinha um propósito maior, que somente muito depois poderia ser entendido, assim é em nossas vidas ainda hoje. Nossas lutas e sofrimentos nos abatem, e é com tanta facilidade que eles tomam completamente nossos olhos, cegando nosso raciocínio ou nossa fé, que esquecemos quase totalmente que existe Alguém no controle. Mas existe esse Alguém. É somente por isso que podemos acreditar nas palavras de Paulo: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8:28). Essa é, e deve continuar sendo, nossa esperança. Nosso Deus é soberano, Ele age segundo a Sua perfeita vontade, e Seus caminhos não sempre compreensíveis a nós, pois os Seus pensamentos não são os nossos pensamentos. “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor, pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jeremias 29:11).

Quando nossos olhos não puderem ver, e nossa mente não puder entender os motivos e caminhos de Deus, lembremos disso. Podemos confiar nEle. E podemos ter esperança, porque Ele sempre esteve e ainda está no controle.


“Porque na esperança fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.” (Romanos 8:24-25)


“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.” (Hebreus 11:1)


Quando nossos olhos forem insuficientes, que a nossa fé prevaleça.



Pra glória do Senhor nosso Deus, Amém.

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